terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Formatura parte III: Carta aos meus pais.


Amanhã é o baile da minha formatura e eu não poderia deixar esse dia chegar sem antes dizer algumas coisas a vocês.
Primeiro, obrigada. Sei que não costumo dizer muito essa palavra (embora esteja aprendendo a usá-la com mais frequência), mas nem por isso deixei de me sentir muitíssimo grata a tudo o que vocês fizeram por mim, não somente nesses 4 anos, mas desde que nasci.
Estou neste ano estou encerrando uma (primeira) parte dos meus estudos, tenho uma profissão, posso me tornar independente muito em breve e isso só está sendo possível graças ao apoio, à educação e ao amor que vocês dedicaram a mim. Hoje, convivendo com gente de tudo quanto é jeito, vejo como é importante ter o apoio dos pais. E confesso que só agora que a fase (besta) da adolescência passou, consigo ver o quanto sou abençoada por ter uma família assim. Já convivi com gente que não acredita no casamento, não quer ter filhos, não acredita sequer no amor e na felicidade. E muitos, não todos, mas muitos mesmo são assim porque tiveram, na infância, referências distorcidas do que pode ser uma família de verdade. Eu acredito no casamento, eu quero ter filhos, eu acredito no amor e na felicidade. E eu acredito porque cresci vendo isso em vocês, em nós. Mesmo que existam desentendimentos, discussões, mágoas e todas essas outras coisas que infelizmente acontecem, elas não são maiores que as coisas boas.
Quero agradecer também pela educação que vocês me deram. As pessoas fora da casquinha na qual vivi por muito tempo têm sentimentos e atitudes que assustam. São invejosas, mesquinhas, interesseiras, brigam por dinheiro, traem. Obrigada por serem para mim exemplo de honestidade, humildade e fé. Aliás, é muito bom ter uma religião a qual seguir, obrigada por terem colocado Deus no meu coração desde sempre.
Agora focando mais nos quatro anos de faculdade que eu concluí e vou celebrar amanhã. Muitas, muitas vezes, cheguei em casa nervosa, estressada, com medo... É muito pressão, sabe? Porque não eram somente os professores que cobravam, mas eu sempre me cobrei demais. Primeiro, porque essa sou eu, vocês sabem. E depois, era a minha obrigação me sair bem, vocês acreditavam em mim, investiam dinheiro ali, confiança. Jamais poderia decepcioná-los ou traí-los matando aulas, sendo mediana. Sempre olhei para aqueles que empurravam a faculdade com a barriga, e sabia que os pais é que pagavam, e pensava como eles tinham coragem. Durante todos os anos me esforcei para honrar cada centavo gasto e cada gota de confiança que vocês depositaram em mim. É claro que em muitas aulas eu fiquei conversando, algumas deixei de participar para ir embora porque estava de saco cheio. Também colei em algumas provas. Mas também, não sou perfeita e muito menos feita de ferro. Mas quero que vocês saibam, principalmente, que me esforcei muito e dei o melhor de mim.
Amanhã a festa também será de vocês. Por isso, aproveitem muito, tá? Meu pesadelo seria chegar lá e ver vocês e meus convidados desapontados. Não se preocupem comigo amanhã, vou estar bem. Vocês já fizeram mais do que podiam pra tudo sair perfeito, ou melhor, do jeito que eu queria. Então de novo: aproveitem muito!
Me desculpem por descontar em vocês meu estresse, meu nervosismo. Estou ainda aprendendo a lidar comigo mesma.
Obrigada de novo.

Amo vocês!
Juliana.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O dia que eu deixei de ter medo de inseto,

foi no dia que consegui fazer uma baliza e no dia que consegui chegar na hora a um encontro. Foi também no dia que não liguei pra cabelo no chão do banheiro e pra bagunça do quarto. O dia que eu deixei de ter medo de inseto, foi justamente no dia que comi uma fruta sem lavar e coloquei a mão na boca depois de fazer carinho na minha cachorra. Foi inclusive nesse dia que não liguei pro meu cabelo rebelde e cheio de frizz e não me lamentei por não ter a quantidade de roupas e sapatos da patricinha Cher de Beverly Hills. Lembro que nesse dia, consegui acordar na mesma hora em que o despertador tocou pela primeira vez e, por incrível que pareça, eu não fiquei com sono o resto do dia, nesse dia. 

E desse dia em diante, decidi que é assim que se vive, sem reclamar, pelo amor de Deus. Sem lamentações, melancolia, medo. Ou pelo menos é assim que se deveria tentar viver.