sexta-feira, 8 de julho de 2011

Contos e devaneios


Neste ano, o festival de dança da academia da qual faço parte vai ser inspirado no livro “As mil e uma noites”. Entre as mil e uma histórias, está a de Aladim. 

Ao encontrar a lâmpada mágica, Aladim fez os tradicionais 3 pedidos, um deles era que ele tivesse sempre que precisasse a quantia de dinheiro exata no bolso. Era tipo, passei na feira comprar algumas tâmaras e na hora de pagar, tinha os trocados certinhos. Fui ao Mercado Khan El Khalili e me apaixonei por um tapete persa. Então lá no meu bolso, estão centenas de notas, a quantia exata para pagar pelo tal tapete.

Por incrível que pareça, nunca assisti ao filme da Disney (ou assisti e não me atentei a esse detalhe) e por isso fiquei imediatamente encantada com essa possibilidade. Se ela existisse.

Sem excessos. Apenas o dinheiro exato para fazer naquele momento o que se deseja.  Mas eu iria mais além. Pediria também que todos só falassem ao outro aquilo que ele precisasse ouvir, uma palavra doce, um sacode, um elogio, uma crítica. Também seria incrível se você pudesse abrir seu guarda-roupa e ele te desse exatamente a roupa que está refletindo o seu humor, ou a ideal para passar o dia sem sentir calor demais ou morrer de frio (porque é claro que essas futilidades da moda fazem parte dos meus sonhos).

Não seria um sonho?

terça-feira, 3 de maio de 2011

Quem não tem leão, mata sapo

Eu nunca matei grandes coisas. No máximo um pernilongo, formigas sem querer e algumas afogadas por querer. Até que um dia matei um sapo. Atropelado. Dirigindo de volta pra casa, no caminho das chácaras de Araçoiaba da Serra, vinha dirigindo distraída, conversando com minha mãe e irmã. Ao longe pensei ser uma folha. Até que cheguei perto e o farol do carro iluminou: era um sapo! Não deu tempo de desviar. Ploft. Gritei. Minha mãe e minha irmã também. Aquele barulho que poderia facilmente ter passado despercebido, ficou ecoando na minha cabeça. Eu fiquei com dó, nojo, agonia. Fiquei dando estrimiliques ao volante, incrédula. Matei um sapo. A maior coisa que eu já matei na vida.

É assim que tem sido nos últimos meses. Tenho matado sapos cada vez maiores, vivendo a vida de adulta e enfrentando as dores e algumas alegrias diariamente. Às vezes quando paro pra pensar tenho alguns estrimiliques, exatamente aos que tenho quando lembro do sapo.

sexta-feira, 25 de março de 2011

Formatura – Parte Final



E, mais de 1 mês depois do Baile da minha formatura, eu resolvi escrever sobre ele. Foi lindo. Perfeito. É engraçado como eu sempre, sempre sou tão preocupada e estressada com os preparativos, fico com medo de algo dar errado, da maquiagem ficar horrível, do cabelo ficar uma bosta... Mas quando chega o grande dia, lá estou eu tranquila e feliz, sem reclamar de nada, sem ficar com raiva da espinha de última hora ou do vento que despenteou minha franja. No dia de acontecimentos especiais eu deixo pra trás toda aquela agitação dos preparativos e experimento uma serenidade esquisita, quase que uma anestesia. Mas isso é bom. É ótimo. Porque eu pude curtir cada segundinho do baile, não parei de sorrir um minuto! Tirei muitas fotos, dancei até a última música (ou os primeiros segundos da escola de samba). Uma noite pra realmente ficar na memória.



Também após mais de 1 mês do baile, teve a colação de grau. Sem grandes expectativas e preparativos, ela chegou e passou, assim, de leve. Foi bom ouvir o discurso dos professores e no mínimo interessante ouvir o discurso dos oradores. Não me sinto mais “formada” após a colação, mas é bom saber que tenho um diploma em minhas mãos, que terminei os 4 anos de uma faculdade. É bom chegar para preencher uma fica de cadastro qualquer e escrever no profissão “Publicitária”.
E pra fechar, teve a missa não-oficial um dia após a colação. Como o esperado, não foi quase ninguém. Mas eu fui, rezei, agradeci, e comecei a sonhar mais alto.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Ainda estou por aqui.


Faz tempo que não escrevo e o motivo é um tanto irônico. Agora sou a redatora da agência em que era estagiária e, de tanto escrever para os outros, não tenho mais tempo e nem energia para escrever pra mim. Chego em casa tão mentalmente cansada que fica difícil querer outra que não seja, depois de banho, deitar no sofá. Até as minhas séries estão atrasadas. Mas isso é passageiro, eu preciso organizar meu tempo e minha mente, porque viver só de trabalho não dá. Preciso voltar pra academia, fazer aulas de dança do ventre às quartas-feiras e um curso intensivo de inglês. Mas tudo isso vai ter que ficar pra próxima semana. De novo.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Formatura parte III: Carta aos meus pais.


Amanhã é o baile da minha formatura e eu não poderia deixar esse dia chegar sem antes dizer algumas coisas a vocês.
Primeiro, obrigada. Sei que não costumo dizer muito essa palavra (embora esteja aprendendo a usá-la com mais frequência), mas nem por isso deixei de me sentir muitíssimo grata a tudo o que vocês fizeram por mim, não somente nesses 4 anos, mas desde que nasci.
Estou neste ano estou encerrando uma (primeira) parte dos meus estudos, tenho uma profissão, posso me tornar independente muito em breve e isso só está sendo possível graças ao apoio, à educação e ao amor que vocês dedicaram a mim. Hoje, convivendo com gente de tudo quanto é jeito, vejo como é importante ter o apoio dos pais. E confesso que só agora que a fase (besta) da adolescência passou, consigo ver o quanto sou abençoada por ter uma família assim. Já convivi com gente que não acredita no casamento, não quer ter filhos, não acredita sequer no amor e na felicidade. E muitos, não todos, mas muitos mesmo são assim porque tiveram, na infância, referências distorcidas do que pode ser uma família de verdade. Eu acredito no casamento, eu quero ter filhos, eu acredito no amor e na felicidade. E eu acredito porque cresci vendo isso em vocês, em nós. Mesmo que existam desentendimentos, discussões, mágoas e todas essas outras coisas que infelizmente acontecem, elas não são maiores que as coisas boas.
Quero agradecer também pela educação que vocês me deram. As pessoas fora da casquinha na qual vivi por muito tempo têm sentimentos e atitudes que assustam. São invejosas, mesquinhas, interesseiras, brigam por dinheiro, traem. Obrigada por serem para mim exemplo de honestidade, humildade e fé. Aliás, é muito bom ter uma religião a qual seguir, obrigada por terem colocado Deus no meu coração desde sempre.
Agora focando mais nos quatro anos de faculdade que eu concluí e vou celebrar amanhã. Muitas, muitas vezes, cheguei em casa nervosa, estressada, com medo... É muito pressão, sabe? Porque não eram somente os professores que cobravam, mas eu sempre me cobrei demais. Primeiro, porque essa sou eu, vocês sabem. E depois, era a minha obrigação me sair bem, vocês acreditavam em mim, investiam dinheiro ali, confiança. Jamais poderia decepcioná-los ou traí-los matando aulas, sendo mediana. Sempre olhei para aqueles que empurravam a faculdade com a barriga, e sabia que os pais é que pagavam, e pensava como eles tinham coragem. Durante todos os anos me esforcei para honrar cada centavo gasto e cada gota de confiança que vocês depositaram em mim. É claro que em muitas aulas eu fiquei conversando, algumas deixei de participar para ir embora porque estava de saco cheio. Também colei em algumas provas. Mas também, não sou perfeita e muito menos feita de ferro. Mas quero que vocês saibam, principalmente, que me esforcei muito e dei o melhor de mim.
Amanhã a festa também será de vocês. Por isso, aproveitem muito, tá? Meu pesadelo seria chegar lá e ver vocês e meus convidados desapontados. Não se preocupem comigo amanhã, vou estar bem. Vocês já fizeram mais do que podiam pra tudo sair perfeito, ou melhor, do jeito que eu queria. Então de novo: aproveitem muito!
Me desculpem por descontar em vocês meu estresse, meu nervosismo. Estou ainda aprendendo a lidar comigo mesma.
Obrigada de novo.

Amo vocês!
Juliana.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O dia que eu deixei de ter medo de inseto,

foi no dia que consegui fazer uma baliza e no dia que consegui chegar na hora a um encontro. Foi também no dia que não liguei pra cabelo no chão do banheiro e pra bagunça do quarto. O dia que eu deixei de ter medo de inseto, foi justamente no dia que comi uma fruta sem lavar e coloquei a mão na boca depois de fazer carinho na minha cachorra. Foi inclusive nesse dia que não liguei pro meu cabelo rebelde e cheio de frizz e não me lamentei por não ter a quantidade de roupas e sapatos da patricinha Cher de Beverly Hills. Lembro que nesse dia, consegui acordar na mesma hora em que o despertador tocou pela primeira vez e, por incrível que pareça, eu não fiquei com sono o resto do dia, nesse dia. 

E desse dia em diante, decidi que é assim que se vive, sem reclamar, pelo amor de Deus. Sem lamentações, melancolia, medo. Ou pelo menos é assim que se deveria tentar viver.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A idade chega para todos


Minha Belinha é uma poodle. E como toda poodle é mimada, atrevida, pentelha, bravinha e tem certeza absoluta de que é gente. Mas todas essas qualidades estão começando a ficar atenuadas graças a idade que avança e o peso que aumenta. Semana passada, quando cheguei em casa, ela veio correndo me receber como todos os dias, chorando, lambendo, fazendo festa. Daí, pra fazer um agrado, resolvi brincar um pouquinho com ela e relembrar seus velhos tempos. Foi quando percebi que de fato eram velhos tempos. Lá fui eu correr pelo gramado do quintal como uma criança feliz do comercial da Sadia brincando com seu lindo labrador. “Vem, Belinhaaaaa”. E a Belinha veio, com a linguinha pra fora, cortando caminho pela lateral de pedra da piscina (nojo de grama, já viu isso?). Ela parou na minha frente, eu apertei seu focinho e chacoalhei seu corpinho, do jeito que ela gosta. Corri de novo. Alguns minutos de hesitação. “Vem, amorzinho... Vem aqui!”. Com uma cara de “Ok, vamos brincar disso até que horas?” ela veio andando rápido e parou na minha frente com um leve desanimo. Corri de novo. Ela não veio. Ficou parada no lugar que a deixei me olhando com a cabecinha inclinada e as orelhas em pé. “Ju, assim não dá. Odeio grama, você sabe! E eu já cansei dessa brincadeira besta. Vem aqui me fazer um carinho e tá ótimo.” Mas eu também sou teimosa e não fui. Corri até ela e quando ameacei tocá-la, corri de novo. E de novo. E mais uma vez. Ela começou a mostrar os dentes, irritada. Comecei a dar risada e fui até ela apertar um pouquinho. Ela tentou disfarçar a irritação, mas pude perceber pela estupidez da resposta aos meus carinhos. “É Belinha, você tá velha mesmo. Não aguenta mais nada... Vai, vamos entrar”. Como se eu tivesse acabado de falar a palavra mágica “passear”, ela levantou as orelhinhas e saiu correndo na minha frente pra dentro de casa, com certeza agradecendo por eu ter desistido da ideia maluca de brincar com ela no quintal.